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Qual o impacto da pior enchente no RS para o meio ambiente?


As chuvas intensas, torrenciais, em diferentes pontos do RS, com uma média acima do normal para a época, fez com que um grande volume de água caísse sobre inúmeras cidades gaúchas, causando cheias e a pior enchente da história do Rio Grande do Sul.

E qual o impacto disso tudo para o meio ambiente?


A recente cheia no Rio Grande do Sul, considerada a pior já registrada no estado, deixou um rastro de devastação tanto para as comunidades locais quanto para o meio ambiente.


O desastre não apenas trouxe prejuízos econômicos e sociais significativos, mas também levantou preocupações urgentes sobre os impactos ecológicos de eventos extremos. Entender como essa catástrofe afetou a fauna, a flora e os recursos hídricos da região é crucial para a implementação de medidas de mitigação e para a preservação dos ecossistemas.


Através dessas anotações busco compilar dados sobre a extensão dos danos ambientais e a importância de estratégias sustentáveis para enfrentar futuros desafios.


Segundo o Atlas Ambiental de Porto Alegre, a composição hidrográfica do Rio Grande do Sul é rica e diversificada, sendo cortada por importantes bacias hidrográficas que desempenham papéis cruciais na manutenção da biodiversidade e na economia regional.


A região da Grande Porto Alegre é caracterizada por uma complexa rede hidrográfica e o Delta do Jacuí, vetor central, é formado pela confluência dos rios Gravataí, Sinos (Itapuí), Caí e Jacuí, que juntos alimentam o Guaíba. Este sistema hidrográfico é fundamental para a cidade de Porto Alegre e arredores, influenciando diretamente na vida das populações locais.


A geografia da área é caracterizada por uma topografia variada, com planícies aluviais, áreas de várzea e colinas suaves, criando diferentes habitats naturais com uma rica vida silvestre. Essas mesmas características geográficas tornam a região particularmente vulnerável a inundações, evidenciando a necessidade de uma gestão hídrica eficiente e sustentável.


Histórico de ocupação de Porto Alegre

O histórico de ocupação de Porto Alegre remonta ao século XVIII. A região que se encontra a cidade foi originalmente habitada pelos povos indígenas guaranis (além de outras etnias) e, posteriormente, explorada por bandeirantes paulistas que buscavam recursos naturais e novas terras. A ocupação formal começou em 1752, com a chegada de colonos açorianos, incentivados pela Coroa Portuguesa, para povoar o sul do Brasil e assegurar a posse das terras frente às ameaças de invasão espanhola.


Os primeiros colonos que chegaram estabeleceram a Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, que mais tarde se tornaria Porto Alegre. Localizada estrategicamente às margens do Rio Guaíba (que também é chamado de Lago), facilitou o desenvolvimento da cidade como um importante porto fluvial e centro de comércio.


Ao longo do século XIX, Porto Alegre consolidou-se como um polo econômico e cultural do Rio Grande do Sul, recebendo uma onda de imigração europeia, especialmente de alemães e italianos, que contribuíram para a diversidade étnica e cultural da cidade. A construção da infraestrutura urbana, incluindo as ruas, as praças, e os edifícios públicos, acompanhou o crescimento populacional e econômico.


No século XX, a cidade passou por uma urbanização acelerada, com a industrialização e o desenvolvimento do setor de serviços. Hoje em dia, é uma metrópole dinâmica e diversificada, que preserva em sua arquitetura, cultura e tradições, com marcas de seu histórico processo de ocupação.


A grande enchente de 1941

Em 1941, Porto Alegre enfrentou uma das maiores enchentes de sua história, quando o nível das águas do Guaíba atingiu o nível máximo de 4,76 metros acima do normal, inundando vastas áreas da cidade. As regiões mais afetadas foram os bairros ribeirinhos e áreas baixas da cidade, incluindo partes significativas do centro histórico e comercial.


A enchente deixou cerca de 70 mil pessoas desalojadas, representando uma grande parte da população da cidade na época. A infraestrutura urbana sofreu danos extensos, incluindo destruição de estradas, pontes, residências e edifícios públicos. Serviços essenciais como água potável, eletricidade e transporte público ficaram gravemente interrompidos.


Os prejuízos econômicos foram significativos, afetando severamente a economia local e regional. A catástrofe evidenciou a vulnerabilidade da capital gaúcha a eventos climáticos extremos e a necessidade urgente de medidas eficazes para prevenir futuras inundações.


As consequências da enchente de 1941 foram um marco importante na conscientização sobre a necessidade de um sistema de proteção mais robusto contra as cheias na cidade.


Sistema de proteção às cheias e o Muro da Mauá

Em resposta à devastadora enchente de 1941, Porto Alegre implementou um extenso sistema de proteção contra inundações, culminando na construção do Muro da Mauá.


Finalizado na década de 70, o muro de contenção tem aproximadamente 3,5km de extensão e corre ao longo da orla do Guaíba, protegendo as áreas centrais e comerciais da cidade.


Além do muro, o sistema inclui 14 comportas, 68 km de diques, internos e externos, e 23 estações de bombeamento que operam para controlar o nível da água e evitar a invasão das enchentes.


A proteção foi estabelecida para o nível das águas na cota de 6 metros, tomando como referência a cota máxima da enchente de 1941 acima no nível do Guaíba (1,75m) e adotando uma margem de segurança de 1,25m.


Desde que foi implementada, por algumas ocasiões as comportas foram fechadas, e o sistema testado, mas nunca havia chegado aos índices históricos da grande enchente.


Em 2023, pelo menos dois grandes eventos extremos, em setembro e novembro, deixaram mortos, feridos, desabrigados e desalojados em diferentes cidades no RS, além de Porto Alegre, colocando em prova a nossa capacidade de resposta.


Após estes eventos, falhas foram detectadas no sistema de proteção às cheias da capital, mas nenhum investimento foi realizado para manutenção dos equipamentos, pelo contrário, estruturas do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) de Porto Alegre foram reduzidas, comprometendo os serviços à população.


Em diversos veículos de imprensa correu a matéria de que a Prefeitura de Porto Alegre não investiu em prevenção contra enchentes em 2023. Visite aqui matéria do UOL.


No início deste ano publiquei um artigo chamado “Inundações nas cidades, o que você tem a ver com isso?

Antes mesmo de acontecer o maior evento climático extremo do RS, já havia indícios de que nossos governantes não estão preparados para lidar com situações dessa proporção.

Vemos caos e despreparo em situações climáticas extremas, algo cada vez mais comum hoje em dia.

Detalhe que o artigo foi escrito em 2 de janeiro de 2024 (o típico eu avisei).

Seguimos batendo na mesma tecla.

Resumindo, uma região com uma composição hidrográfica complexa e com bastante incidências de chuva, aliada a um histórico de ocupação de Porto Alegre baseado na exploração do ambiente natural, fixada às margens do Guaíba, crescendo desordenadamente e sem considerar as características da fauna e da flora, com decisões irresponsáveis de seus governantes e alienação às mudanças climáticas: a legítima receita do fracasso.


Porto Alegre colapsou. E não só ela, o Rio Grande do Sul inteiro!

O colapso do RS

A enchente atingiu mais de 90% do território do estado, provocando uma crise sem precedentes na região. Diversos municípios foram diretamente impactados, com cidades inteiras submersas e comunidades isoladas pela subida das águas.


A intensidade das chuvas e o transbordamento de rios resultaram na interdição de estradas e ruas, dificultando o acesso e a mobilidade tanto de moradores quanto de equipes de resgate e assistência. A infraestrutura urbana sofreu severos danos, com pontes desmoronando e rodovias principais intransitáveis, agravando a situação de emergência e aumentando os desafios logísticos para a resposta ao desastre.


A interrupção das vias de transporte prejudicou a distribuição de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais, colocando em risco a segurança alimentar e a saúde da população.

Além disso, a queda de pontes e a interdição de estradas afetaram gravemente o escoamento de commodities, como grãos e produtos agrícolas, fundamentais para a economia do estado e do país.


A capital gaúcha e a sua região metropolitana foram duramente atingidas pela enchente, com diversas áreas completamente alagadas, forçando a evacuação de milhares de moradores. Bairros inteiros ficaram submersos, e a rápida elevação do nível das águas obrigou as autoridades — e voluntários, em grande maioria — a realizarem operações de resgate e evacuação em larga escala para garantir a segurança das populações locais.


Escolas, ginásios e outros edifícios públicos e civis foram transformados em abrigos temporários para acolher os desalojados, enquanto equipes de emergência trabalharam incessantemente para fornecer ajuda e suprimentos essenciais. A devastação causou uma ruptura na rotina diária e destacou a vulnerabilidade da região a eventos climáticos extremos, reforçando a necessidade de medidas preventivas e de infraestrutura para lidar com futuras crises.


Situação de guerra

Porto Alegre foi transformada numa cidade de sítio, com helicópteros e aeronaves saindo de um lado para o outro, sirenes por todo o lado e muitos carros puxando barcos nos reboques. Nas zonas alagadas, foram montados pontos de resgates com uma estrutura minimamente organizada, em sua grande maioria composta por voluntários.


Foram criadas novas cidades dentro da cidade: abrigos temporários para acolher pessoas e animais resgatados das zonas inundadas, sendo boa parte, pessoas em situação de vulnerabilidade. A logística dos abrigos dependia de doações e da organização dos CD’s (centros de doações) que destinavam as doações para os abrigos.


A cada dia que passava, novas demandas iam surgindo e novos fatos surgiram no meio de todo o caos. O aeroporto fechado por tempo indeterminado, aeronaves ilhadas no pátio do aeroporto. Os dois estádios de Porto Alegre embaixo d’água: Arena do Grêmio e Beira-Rio do Inter. O principal acesso à cidade foi comprometido pelo desabamento da estrada.

O verdadeiro caos.


A primeira semana foi mais intensa nos resgates em água e na logística de abrigos.

Também foi quando houve uma grande mobilização para a destinação de recursos, através de campanhas de doações, por campanhas de financiamento coletivo, por diversas pessoas, organizações e personalidades.


Embora já houvesse acontecido um fato parecido em sua história, a cidade não estava preparada para lidar com uma situação dessas: bombas quebradas, diques rompidos, falta de plano de contingência para inundação, falta de protocolo de cuidados com desalojados, desabrigados e refugiados, entre a falta de outros instrumentos que poderiam reduzir significativamente o impacto gerado.


Pouco mais de uma mês depois do colapso, consigo organizar os pensamentos e redigir minhas percepções sobre tudo o que tem passado no Rio Grande do Sul, e aproveito para elencar alguns impactos observados:


Morte de ecossistemas

Além das perdas humanas, a catástrofe afetou gravemente a fauna e a flora da região, causando a morte de milhares de animais domésticos e silvestres. Ecossistemas inteiros foram devastados pela força das águas, com habitats naturais destruídos e espécies vulneráveis enfrentando um risco aumentado de extinção.


Contaminação das águas

As grandes cheias do estado resultaram em uma grave contaminação dos rios, comprometendo a qualidade da água e perturbando o ciclo hidrológico natural. A força das águas arrastou uma grande quantidade de detritos, resíduos sólidos, resíduos químicos e esgoto para os cursos d’água, poluindo não apenas os rios, mas também os lençóis freáticos.


Essa contaminação generalizada das águas subterrâneas e superficiais representa uma séria ameaça à saúde pública e ao meio ambiente, dificultando o acesso à água potável e prejudicando os ecossistemas aquáticos locais. As áreas urbanas também sofreram com o acúmulo de lixo e poluentes, evidenciando ainda mais a crise ambiental e sanitária na região.


Saúde pública e proliferação de doenças

A crise das enchentes no Rio Grande do Sul provocou um aumento significativo na proliferação de doenças, devido à contaminação da água e do ar. A estagnação de águas poluídas e a presença de esgoto nas ruas criaram condições ideais para a propagação de doenças como leptospirose e hepatite, que são transmitidas pela água contaminada e pelo contato com resíduos infectados. A qualidade do ar também foi comprometida, com a liberação de gases tóxicos provenientes de materiais orgânicos em decomposição e poluentes industriais.


Comércio, agricultura e indústria

O comércio local foi altamente prejudicado, com muitas lojas e estabelecimentos completamente alagados, resultando na destruição de estoques e na paralisação das atividades comerciais. Inúmeros comerciantes enfrentaram (e enfrentam) prejuízos significativos, com perdas financeiras que comprometem a viabilidade dos negócios.


As safras e lavouras gaúchas sofreram danos severos, com vastas áreas agrícolas inundadas e colheitas destruídas. Este impacto na agricultura, um dos pilares da economia do Rio Grande do Sul, interfere drasticamente no fluxo de receitas do estado. As indústrias também não foram poupadas, enfrentando paralisações e danos estruturais significativos, que comprometem a produção e a geração de empregos.


Inúmeras organizações necessitam de apoio para se reestruturarem e voltarem a contribuir para a economia local, destacando a urgência de políticas públicas eficazes e de programas de recuperação econômica para revitalizar os setores mais afetados e assegurar a sustentabilidade econômica da região.


Cidades temporárias

As enchentes forçaram a realocação de cidades inteiras, com milhares de pessoas desalojadas e abrigadas em centros temporários de emergência. O aumento drástico no nível das águas submergiu bairros inteiros, tornando impossível para muitas famílias permanecerem em suas casas.


Com a infraestrutura urbana comprometida, foram necessárias evacuações em massa e a necessidade urgente de abrigos para acomodar os desabrigados. As escolas, ginásios e outros espaços públicos e civis foram transformados em abrigos improvisados, onde as pessoas se encontravam em condições vulneráveis, sem acesso a muitos de seus pertences pessoais e enfrentando a incerteza sobre o futuro de suas residências.


Quem mais sofre é quem tem menos

Dentro desse contexto, cabe salientar que os mais prejudicados pelas enchentes no Rio Grande do Sul são, como sempre, as populações que vivem em periferias e zonas vulneráveis, muitas vezes sem acesso a serviços básicos. E por aqui não foi diferente; os bairros mais pobres, que foram severamente inundados, estão sofrendo de forma desproporcional com a crise.


Essas comunidades enfrentam maiores desafios na recuperação devido à falta de infraestrutura adequada e recursos para reconstrução. As famílias nessas áreas necessitam de mais atenção e apoio, tanto imediato quanto a longo prazo, para superar os impactos devastadores das enchentes e reconstruir suas vidas com dignidade e segurança.


Doações e solidariedade

Durante as enchentes, as doações desempenharam um papel crucial na assistência às comunidades afetadas. Organizações não governamentais, empresas e cidadãos se mobilizaram rapidamente para fornecer recursos essenciais, como alimentos, água potável, roupas, produtos de higiene e materiais de limpeza. Esses itens básicos foram fundamentais para ajudar as famílias desalojadas a enfrentarem os primeiros dias após a inundação, garantindo que suas necessidades imediatas fossem atendidas.


A solidariedade demonstrada por meio das doações não apenas supriu carências materiais, mas também trouxe esperança e apoio emocional para os desabrigados, mostrando a força da comunidade em tempos de crise.


Foi possível observar o país inteiro se mobilizando para ajudar o estado, o mundo todo na verdade, e com isso também ficaram evidentes falhas nos processos de gestão e o despreparo de autoridades para lidar com situações extremas como essas. As doações e os recursos estão chegando, em menor frequência, mas segue tendo o seu papel crucial na reconstrução do RS, porém nem sempre chega a quem mais precisa.


Falhas no sistema

A corrupção existe em inúmeros locais dentro da esfera pública e no setor privado da mesma forma, é uma característica nefasta mas que está muito presente em nossa história, e que requer um esforço coletivo para combater e mudar a realidade. Durante a crise climática aconteceram episódios de desvio de doações, fraudes em campanhas e pessoas querendo se beneficiar em meio à crise.


A desarticulação entre os gestores públicos ficou muito evidente, nas diferentes esferas de governo, faltava comunicação, e quando havia, não era clara. Também faltaram planos de contingência e protocolos para responder de maneira ágil às necessidades, causando um impacto ainda maior.


Lixão à céu aberto

Muito resíduo sólido urbano em contato com o meio ambiente, sendo arrastados e espalhados por todo o lado. O lixo acumulado nas ruas, de diversas naturezas, não só polui os ecossistemas naturais, como também representa um risco significativo para a saúde pública.


Com toda essa crise, a gestão de resíduos na capital colapsou, com mais de 6 unidades de triagem completamente alagadas. A cidade virou um verdadeiro lixão a céu aberto, com a população fazendo faxina em suas casas, as ruas foram completamente tomadas por materiais descartados, e a maior parte deles, contaminados.


Dentro da cidade, 5 pontos de diferentes regiões da cidade recebem os resíduos em caráter temporário, chamados de “bota espera”. De lá são encaminhados para uma área contratada em Gravataí como aterro sanitário. Isso porque a estrada que leva até o aterro sanitário de Minas do Leão, que é o destino final dos resíduos de Porto Alegre, está comprometida.


Estima-se a produção de mais de 46 milhões de toneladas oriundas das enchentes no RS, sendo um número maior que a Guerra em Gaza. A interação desses resíduos com a água prejudica a saúde dos ecossistemas, e nos próximos anos ainda teremos patologias em decorrência desses acontecimentos.


A presença de materiais tóxicos e não biodegradáveis no meio ambiente pode causar danos a longo prazo, dificultando a recuperação das áreas afetadas e exigindo esforços intensivos de limpeza e manejo de resíduos para restaurar a qualidade ambiental e garantir a segurança das comunidades afetadas.


As forças armadas foram acionadas para intervirem em pontos identificados com contaminação químicas, na região metropolitana da capital, com pelotões de especialistas em ataques químicos.


Marcas emocionais

As enchentes no Rio Grande do Sul deixaram marcas profundas não apenas no cenário físico, mas também no emocional das pessoas afetadas. Toda vez que começa a chover, muitos moradores das áreas anteriormente inundadas são tomados por um sentimento de ansiedade e medo, remetendo aos momentos de desastre.


A lembrança vívida das águas invadindo suas casas, destruindo seus pertences e forçando a evacuação de suas famílias provoca um estresse emocional significativo. Esse trauma afeta a saúde mental das pessoas, que passam a viver com a constante preocupação de que uma nova chuva possa desencadear outra enchente.


Também abalou profundamente o espírito cidadão e o sentimento de comunidade entre os porto-alegrenses.


Essa ausência de um sentimento cidadão bem definido tornou ainda mais desafiadora a resposta às emergências, com ações fragmentadas e uma menor eficácia na mobilização de recursos e assistência, sem falar na prevenção (em nenhum momento falamos sobre isso, é porque não houve uma ação de prevenção).


Para restaurar a coesão social e revitalizar o espírito de Porto Alegre, é essencial fomentar uma cultura de participação cívica e empatia, onde cada indivíduo reconheça seu papel e responsabilidade no fortalecimento da comunidade e na construção de uma cidade mais resiliente e solidária.


Cansaço permanente

Se você chegou até aqui, obrigado, pois eu cansei.


Estou cansado de ler, de escrever, de ouvir notícias sobre as enchentes, de ver tanto lixo na rua, de sentir o cheiro de lama e de podridão, de trabalhar no final de semana, de ver tanto descaso.


Estamos. No plural.

O Rio Grande do Sul segue sangrando, tentando se reconstruir após as cheias de maio, não por culpa dos eventos naturais, e sim por ações irresponsáveis de governantes, que seguem ignorando os sinais dos novos tempos, dos tempos de mudanças climáticas.


Ainda assim, sigo (e nós seguimos) fazendo o que precisa ser feito. Renovando a esperança diariamente, buscando forças para ajudar a quem mais precisa, tentando encontrar formas de minimizar os danos e aplicar boas práticas capazes de regenerar a nossa cidade, o nosso estado e o nosso Planeta.


Este desastre destaca a urgente necessidade de políticas públicas eficazes, planejamento urbano resiliente e um maior engajamento da sociedade na preservação ambiental e na preparação para futuras crises.


Somente através de uma abordagem sistêmicaintegrada consciente, que inclua medidas preventivas e ações de recuperação ambiental, será possível minimizar os impactos das enchentes e garantir a manutenção da vida e o bem-estar das gerações futuras.


Ao finalizar este artigo, sinto-me mais leve, mas também mais preparado, visto que os pensamentos foram organizados dentro de uma lógica (da minha cabeça) mas que torna possível absorver minimamente os sentimentos vividos por aqui durante esses dias intensos.


Quer seguir conversando comigo? Manda um alô e vamos conversar!

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Referências utilizadas para a construção deste artigo:

OLIVEIRA, Carlos Alfredo Azevedo (1981). «Um lago chamado Guaíba». Boletim Gaúcho de Geografia: https://seer.ufrgs.br/index.php/bgg/article/view/38607

“Porto Alegre e suas Enchentes” de Sérgio da Costa Franco

“Cidades Lixo Zero” de Rodrigo Sabatini e Tainá Wanderley

“Reinventando Organizações” de Frederic Laloux

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